Época Pré-Romana
Na época
pré-romana era habitado pelos
cónios ou cinetes
[5], um povo (formado por várias
tribos) de filiação linguística e étnica possivelmente
celta ou
ibera, cujo território incluía toda a atual região e ainda o sul do atual
distrito de Beja. Esse antigo território dos
cónios ia da foz do
Rio Mira à foz do
Rio Guadiana, pelo litoral, e da foz do
rio Mira passando pela área das nascentes do
Rio Sado e pelas ribeiras de
Terges e de
Cobres até à confluência desta última com o
Guadiana e descendo pela margem direita ou oeste desse rio novamente até à sua foz, pelo interior, abrangendo assim toda a área da
Serra do Caldeirão (também denominada Serra de Mú) e seu planalto. É possível que fossem relacionados com os
tartessos[5] (povo cuja filiação linguística e étnica também ainda não está plenamente conhecida ou determinada), mas não eram o mesmo povo, tal como diversos autores da
Antiguidade Clássica, por exemplo,
Estrabão e
Plínio, o Velho, afirmavam. Devido ao nome do povo nativo,
conii ou
cynetes (
cónios ou cinetes em latim), o Algarve, na época romana, era denominado
Cyneticum (Cinético)
[5]. O território deste povo situava-se muito próximo de uma antiga civilização nativa da Península Ibérica, a de
Tartessos[5] (que se desenvolveu no oeste da atual
Andaluzia), na bacia do rio
Guadalquivir (antigo
Bétis). Devido a isso, os
cónios foram muito influenciados por esta antiga cultura ou fizeram mesmo parte dessa civilização. Também foram influenciados pelas
civilizações mediterrânicas (grega, romana, cartaginesa) ainda antes da época romana e eram um dos povos culturalmente mais avançados do atual território de
Portugal e mesmo da
Península Ibérica de então, pois já tinham conhecimento da linguagem escrita, tendo mesmo criado e desenvolvido uma escrita própria, a
escrita do sudoeste, que também pode ser designada
escrita cónia. Durante séculos, o atual Algarve (então denominado
Cyneticum) foi ponto de passagem para vários povos, incluindo os
Tartessos,
Fenícios,
Gregos e
Cartagineses.
Época Romana
Antes da integração definitiva dos cónios no Império Romano, durante o período que vai de cerca de 200 a.C a 141 a.C. estes estavam sob forte influência romana mas gozavam de elevado grau de autonomia. Devido, em parte, ao relacionamento favorável com os romanos, os cónios haviam tido alguns conflitos com os lusitanos que, sob a liderança de Cauceno (
Kaukenos), o chefe lusitano anterior a
Viriato, tinham conquistado durante algum tempo o seu território, incluindo a capital,
Conistorgis (de localização ainda desconhecida, num monte a norte de Ossonoba, atual Faro, ou talvez Castro Marim?) no ano 153 a.C.
[5] Em parte devido a esse conflito com os
lusitanos e em parte devido à influência cultural das civilizações mediterrânicas, ao contrário de muitos dos
povos pré-romanos de Portugal, foram aliados dos
romanos durante algum tempo e não seus adversários, diferindo da atitude de outros povos tais como os
lusitanos, os
célticos e os
galaicos, que foram fortes opositores à
conquista romana[5]. Apesar disso, um pouco mais tarde, no contexto das guerras lusitânicas, no ano 141 a.C., os cónios revoltaram-se contra os romanos, juntamente com os
túrdulos da Betúria (também denominados
betures), mas foram derrotados por
Fábio Máximo Serviliano, procônsul romano, e integrados definitivamente no Império Romano. Nos séculos que se seguiram, a população nativa (
cónios) foi fortemente romanizada, adotando o
latim como língua, e integrada em termos culturais, políticos e económicos na
civilização romana e no seu império. O Algarve, então denominado
Cyneticum (Cinético), fez parte do
Império Romano, integrado primeiro na província da
Hispânia Ulterior e, mais tarde, na província da
Lusitânia, durante mais de 600 anos, desde cerca de 200 a.C. até ao ano 410 d.C., ostentando cidades relevantes tais como
Baesuris (atual
Castro Marim),
Balsa (próxima de
Tavira),
Ossonoba (atual
Faro),
Cilpes (atual
Silves),
Lacobriga (atual
Lagos) e
Myrtilis (atual
Mértola) ) pois, nessa época, também pertencia ao
Cyneticum[5]. Durante a época romana, teve um desenvolvimento cultural e económico significativo (
agricultura,
pesca e
manufatura), beneficiando muito do facto de ser uma importante região de produção agrícola. Nessa época, a região exportava principalmente
azeite e
garum (um condimento feito a partir de peixe), ambos os produtos eram muito apreciados no
Império Romano. A sua localização geográfica também era importante em termos de apoio às rotas de
navegação marítima entre os portos romanos do
Mar Mediterrâneo e os do
Oceano Atlântico, na
Hispânia,
Gália e
Britânia. Os rios
Guadiana (
Anas) e
Arade (
Aradus) serviam de rotas de navegação fluvial de contato com o interior e continuariam a sê-lo durante muitos séculos. Também, em termos de localização geográfica, foi importante o facto da região estar logo a oeste da
Bética (que corresponde, em grande parte, ao território da atual
Andaluzia), uma das províncias cultural e economicamente mais desenvolvidas da
Hispânia e do
Império Romano (região de origem de importantes figuras tais como o erudito e filósofo
Séneca, o
agrónomo Columela e dos imperadores
Trajano e
Adriano). Todos estes factores contribuiram para a prosperidade do Algarve durante muitos séculos. Em termos culturais, a época romana também assistiu à difusão do
cristianismo na
Hispânia, incluindo a
Lusitânia e atual Algarve a partir de meados do século I d.C., mas seria a partir do século IV d.C., com a publicação do
Édito de Milão, no ano 313 d.C. pelo imperador
Constantino (que concedia liberdade de culto aos
cristãos), que o
cristianismo se difundiria mais e ganharia importância significativa na região com a conversão de muita da população nativa, embora as
religiões animistas ou
pagãs tenham permanecido durante mais alguns séculos.
Época Bárbara
Apesar de ter sido conquistado pelos chamados povos bárbaros (
vândalos,
alanos,
suevos e depois
visigodos) na
época ou período das migrações ou
invasões bárbaras, a
cultura romana e o
cristianismo permaneceram. No ano de 552, o atual Algarve foi reconquistado pelo
Império Romano do Oriente ou
Império Bizantino (então governado pelo imperador
Justiniano I), aos
visigodos, governo esse que durou até 571, quando o rei
Leovigildo o conquistou novamente para o
reino visigodo.
Época Árabe
Cidade histórica de
Silves (foi a capital do Algarve durante o domínio Árabe).
Durante mais de cinco séculos (c. 715-1249) esteve sob o domínio dos povos islâmicos,
árabes,
berberes e populações nativas convertidas ao
islamismo, embora o
cristianismo também tenha permanecido entre a população do Algarve nessa época (
moçárabes -
cristãos que viviam sob governo
muçulmano). Durante a época de governo islâmico, o Algarve atingiu um elevado esplendor cultural e económico, em continuidade com as características que já vinham desde a época romana, sendo a cidade de
Silves a mais importante durante essa época (foi mesmo capital de um
reino taifa muçulmano após a fragmentação do
Califado de Córdova)
[5].
As regiões espanholas e portuguesas outrora conhecidas por
al-gharb al-Andalus (em
árabe: الغرب الأندلس) eram o mais importante centro muçulmano da época da "Hispânia Islâmica", sendo assim o centro islâmico da cultura, ciência e tecnologia. Nessa altura, a principal cidade da região era
Silves, que, quando foi conquistada pelo rei
D. Sancho I, dizia-se ser cerca de 10 vezes maior e mais fortificada que Lisboa. O Algarve foi a última porção de território de
Portugal a ser definitivamente conquistado aos
mouros, no reinado de
D. Afonso III, no ano de
1249.
Época Portuguesa
Segundo alguns documentos históricos, a conquista definitiva do Algarve aos
mouros neste reinado, nomeadamente a tomada da cidade de Faro, foi feita de forma relativamente
pacífica. No entanto, apenas em 1267 - no
tratado de Badajoz - foi reconhecida a posse do Algarve como sendo território português, devido a pretensões do
Reino de Castela. Curiosamente, o nome oficial do
reino resultante seria frequentemente designado de
Reino de Portugal e do Algarve, mas nunca foram constituídos dois reinos separados.
Fortaleza de
Lagos, construída no século XVII.
Terminada a conquista da região durante o reinado de
D. Afonso III, o antigo Al-Gharb mourisco foi incluído no reino cristão de
Portugal, entrando numa certa decadência que seria interrompida já no
século XV pela odisseia da exploração da costa africana e da conquista das praças marroquinas, sob o comando do
Infante D. Henrique. O território do Algarve, devido às condições favoráveis à navegação, foi uma das primeiras bases da expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI, do qual partiram algumas expedições, sendo o porto de
Lagos um dos mais importantes dessa época
[5]. Com o fim da presença portuguesa nas praças africanas, a região entrou novamente numa certa decadência, acentuada pela destruição imposta pelo
terremoto de 1 de Novembro de 1755. O primeiro-ministro do rei
D. José I, o
Marquês de Pombal tentou efectuar uma divisão, nunca reconhecida pelo
Papado Romano, da
diocese de Faro em dois
bispados:
Faro e
Vila Nova de Portimão. O limite entre eles era a
ribeira de Quarteira e o seu prolongamento em linha recta até ao
Alentejo. Posteriormente, o Algarve iniciou o século XX como uma região rural, periférica, com uma economia baseada na cultura de frutos secos, na pesca e na indústria conserveira. Contudo, a partir da
década de 1960, dá-se a explosão da indústria do turismo, mudando assim por completo a sua estrutura social e económica.
Desde os alvores do reino, constituiu uma região bem delimitada e individualizada, não só em termos geográficos mas também do ponto de vista identitário, com características históricas, climáticas, etnográficas, arquitétónicas, gastronómicas e económicas muito próprias.
Actualmente, o turismo constitui o motor económico do Algarve.
A antiga província tradicional possui algumas das melhores praias do Sul da Europa, e condições excepcionais para a prática de actividades e desportos ao ar livre.
O Algarve é a terceira região mais rica do país, com um
PIB per capita de 87% (média Europeia). Ocupa uma área de 5,412
km² e nela residem 434 023 habitantes (2009)
[6].
Etimologia
O termo "Algarve" provém de "
al-Gharb al-Ândalus" nome dado ao actual Algarve e baixo Alentejo durante o domínio
muçulmano, significando "
Andaluz Ocidental", pois era a parte ocidental da
Andaluzia muçulmana. Na época romana era denominado
Cyneticum (Cinético) devido ao nome do povo nativo,
cynetes ou
conii (cinetes ou
cónios em latim)
[5].
Geografia
O Algarve confina a norte com a região do
Alentejo (sub-regiões do
Alentejo Litoral e
Baixo Alentejo), a sul e oeste com o Oceano
Atlântico, e a leste o Rio
Guadiana marca a fronteira com
Espanha. O ponto mais alto situa-se na
serra de Monchique, com uma altitude máxima de 902m (Pico da
Foia).
Mapa colorido com a divisão, por concelhos, do Barlavento e do Sotavento.
Além de
Faro, têm também categoria de cidade os aglomerados populacionais de
Albufeira,
Lagoa,
Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, Quarteira, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António. Destas, todas são sede de concelho à excepção de
Quarteira. A zona ocidental do Algarve é designada por
Barlavento e a oriental por
Sotavento. A designação deve-se com certeza ao vento predominante na costa sul do Algarve, sendo a origem histórica desta divisão incerta e bastante remota. Na Antiguidade os Romanos consideravam no sudoeste da
península Ibérica a região do
Cabo Cúneo - que ia desde
Mértola por
Vila Real de Santo António até à enseada de
Armação de Pêra - e a região do
Promontório Sacro - que abrangia o restante do Algarve. Internamente, a região é subdividida em duas zonas, uma a Ocidente (o
Barlavento) e outra a Leste (o
Sotavento). Com esta divisão podemos registar um claro efeito de espelho entre as duas zonas. Cada uma destas zonas tem 8 municípios e uma cidade dita principal: Faro está para o Sotavento como Portimão está para o Barlavento. De igual modo possui cada uma delas uma serra importante (a Foia, no Barlavento, e o Caldeirão, no Sotavento). Rios com semelhante importância (o
Arade no Barlavento e o
Guadiana no Sotavento).
Um hospital principal em cada uma das zonas garante os cuidados de saúde em todo o Algarve. Em termos de infraestrutudas, o
Aeroporto Internacional está numa zona e o
Autódromo Internacional noutra. Finalmente, a nível desportivo, os históricos do futebol algarvio Sporting Clube Olhanense(representante do Sotavento) e o Portimonense Sporting Clube(representante do Barlavento) encontram-se na primeira liga do futebol português. A equipa Olhanense ascendeu à 1ª liga em 2009, enquanto que por sua vez a equipa de Portimão ascendeu um ano depois, em 2010.
Municípios
Da região fazem parte 16
municípios, a saber:
Locais com relevância
Serra de Monchique
A Serra de Monchique localiza-se na zona oeste do Algarve, onde se situa o ponto mais alto da região - a Foia - que está a 902 m de altitude. Este é também um dos pontos mais proeminentes de Portugal. O cume-pai chama-se Picota e está a 774 m acima do nível do mar.
Devido ao facto de estar próxima do mar, possui um clima sub-tropical húmido, com precipitações médias anuais entres os 1000 e os 2000 mm, que associadas a temperaturas amenas permite a existência de uma vegetação rica e variada, onde se inclui o raríssimo carvalho-de-monchique e a bela adelfeira, bem como espécies raras no sul, tais como o castanheiro, o carvalho-cerquinho ou o carvalho-roble.
Esta serra possui um importante complexo termal denominado de Caldas de Monchique, rodeado por um parque de vegetação variada onde existe a maior magnólia da Europa. É ainda de salientar a fertilidade dos seus solos, devido não só à humidade, mas também ao facto da sua rocha, a foíte, ser de origem magmática.
Vários ribeiros e ribeiras têm origem na Serra de Monchique, entre as quais a Ribeira de Seixe, a Ribeira de Aljezur (ou da Cerca), a Ribeira de Odiáxere, a Ribeira de Monchique e a Ribeira de Boina. É um local riquíssimo em ecossistemas naturais, que motiva a presença de turistas no interior, provando que nem só de praias é feito o Algarve.
Serra do Caldeirão
A Serra do Caldeirão faz a fronteira entre o litoral e barrocal algarvios e as planícies do Baixo Alentejo. Faz parte do maciço antigo, sendo constituída por xisto-grauvaque, rocha que origina solos finos e pouco fertéis. O seu ponto mais alto localiza-se no Baixo Alentejo, próximo da fronteira com o Algarve, onde atinge os 580 m de altitude; nos concelhos de Tavira e de Loulé possui diversos pontos em que ultrapassa os 500 m.
A serra do Caldeirão, apesar da sua modesta altitude, forma uma paisagem muito peculiar, onde elevações arrendondas, os cerros, são cortadas por uma densa rede hidrográfica que na sua maior parte é constituída por cursos de água temporários, o relevo é por este motivo muito acidentado em diversos pontos. A influência climática da Serra do Caldeirão é muito grande.
Constitui uma barreira física à passagem dos ventos frios do quadrante Norte e às depressões de Noroeste, contribuindo para a existência de um clima mediterrânico no litoral algarvio, com fracas precipitações anuais e temperaturas suaves no Inverno.
Esta Serra constitui ainda uma barreira de condensação para os ventos húmidos do quadrante Sul. As precipitações médias anuais variam; nas zonas mais altas dos concelhos de Loulé são superiores aos 800 mm anuais, mas à medida que nos aproximamos da fronteira estas vão descendo, até serem inferiores a 500 mm anuais nas regiões do Nordeste algarvio. Registou-se a queda de neve no ano de 2006, por ocasião duma frente fria que atingiu a península Ibérica.
O Rio Guadiana é a fronteira natural entre o Algarve e a Andaluzia e portanto Portugal de Espanha. O rio nasce a uma altitude de cerca de 1700m, nas lagoas de Ruidera, na província espanhola de Ciudad Real, tendo uma extensão total de 829 km.
A bacia hidrográfica tem uma área de 68.200 km², situada, em grande parte, em Espanha (cerca de 55.000 km²).
Este rio é navegável até à cidade Alentejana de Mértola, constituindo um atractivo turístico relevante.
Rio Arade
O
Rio Arade é um rio de Portugal que nasce na
Serra do Caldeirão e passa por
Silves,
Portimão e
Lagoa indo desaguar no
Oceano Atlântico, em Portimão, imediatamente a leste da Praia da Rocha.
No tempo dos descobrimentos portugueses era navegável até Silves, onde existia um importante porto. Hoje, devido ao enorme assoreamento, apenas pequenos barcos aí podem chegar.
Um dos factores que teve forte impacto no desenvolvimento da cidade de
Silves (primeira capital do Algarve) no período de domínio árabe foi, sem dúvida, a sua proximidade ao rio Arade, então navegável até às suas muralhas.
Actualmente o Rio Arade é foco de muito interesse turístico partindo do porto de Portimão mini cruzeiros para Silves, um cruzeiro que faz o percurso até
Vila Real de Santo António por toda a costa algarvia e ainda de um ferry que faz a ligação ao
Funchal na
Madeira.
Ria Formosa
A
Ria Formosa é um
sapal situado na província do Algarve em
Portugal, que se estende pelos concelhos de
Loulé,
Faro,
Olhão,
Tavira e
Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18.400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o
rio Ancão até à
praia da Manta Rota.
Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de
Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de
9 de Dezembro de
1987. Anteriormente, a Ria Formosa tinha estatuto de Reserva Natural, instituído em
1978.
A sul é protegida do
Oceano Atlântico por um cordão dunar quase paralelo à orla continental, formado por duas
penínsulas (a de
Faro, que engloba a
praia do Ancão e a
praia de Faro; e a de
Cacela, que engloba a
praia da Manta Rota) e cinco ilhas barreira arenosas (
Ilha da Barreta,
Ilha da Culatra,
Ilha da Armona,
Ilha de Tavira e
Ilha de Cabanas), que servem de protecção a uma vasta área de sapal, canais e ilhotes.
A norte, em toda a extensão, o fim da laguna não tem uma delimitação precisa, uma vez que é recortada por salinas, pequenas praias arenosas, por terra firme, agricultável e por linhas de água doce que nela desaguam (Ribeira de São Lourenço, Rio Seco, Ribeira de Marim, Ribeira de Mosqueiros e o
Rio Gilão).
Tem a sua largura máxima junto à cidade de
Faro (cerca de 6 km) e variações que nos seus extremos, a Oeste e a Este, atingem algumas centenas de metros.
A sua fisionomia é bastante diversificada devido aos canais formados sob a influência das correntes de maré, formando assim, uma rede hidrográfica densa.
É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. A zona é objecto de monitorização permanente, sendo ainda local de estudo para muitos alunos da
Universidade do Algarve.
Clima
Um dos principais traços distintivos da região algarvia constitui o seu clima. As condições climáticas que o senso-comum atribui geralmente ao clima algarvio podem ser encontradas em todo o seu esplendor no barrocal e no litoral sul, especialmente no região central e no sotavento algarvio.
Um conjunto de características base resumem o clima da região, em especial do barrocal e do litoral sul: verões longos e quentes, invernos amenos e curtos, precipitação concentrada no Outono e no Inverno, reduzido número anual de dias com precipitação e elevado número de horas de sol por ano.
A temperatura média anual do litoral do sotavento e da região central do Algarve é mais elevada de Portugal Continental e uma das mais elevadas da Península Ibérica, rondando os 18 °C, atendendo às normais climatológicas 1961/90.
A precipitação encontra-se essencialmente concentrada entre Outubro e Fevereiro, e assume com frequência um carácter torrencial. As médias anuais são inferiores a 600 mm em grande parte do litoral e no vale do Guadiana, e superam os 800 mm na serra do Caldeirão e os 1000 mm na serra de Monchique. Na região litoral existem 5 meses secos, e entre Junho e Setembro a queda de precipitação é muito pouco frequente.
O clima do Algarve, segundo a classificação de Koppen, divide-se em duas regiões: uma de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e quente (Csa) e outra de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e pouco quente (Csb). Com excepção da Costa Vicentina e das serras de
Monchique e de
Espinhaço de Cão, toda a região algarvia possui um clima temperado mediterrânico do tipo Csa.
No litoral do sotavento algarvio as noites tropicais (noites com temperatura mínima igual ou superior a 20 °C) são frequentes durante o período estival. De facto, a temperatura mínima mais alta de sempre registada em Portugal pertence à estação meteorológica de Faro: 32,2 °C, a 26 de Julho de 2004.
A queda de neve na região algarvia é muito rara e é mais susceptível de ocorrer na Foia. A última vez que ocorreu queda de neve no litoral algarvio foi em Fevereiro de 1954. Na madrugada de 1 de Fevereiro de 2006 nevou na Serra do Caldeirão, e na manhã de 10 de Janeiro de 2009 nevou na Serra de Monchique.
Primavera
A Primavera algarvia é uma estação inconstante: alguns anos é fugaz, curta, noutros mais longa, roubando espaço ao Estio ou ao Inverno; por vezes chuvosa e fresca, ou então quente e seca, ou ainda soalheira, mas ventosa...
Em Março e Abril as temperaturas sobem lentamente, transitando para os valores estivais; durante o dia estas oscilam entre os 9/12 °C e os 19/22 °C. Em ambas os meses a precipição média ronda os 40 mm, num total para ambos os meses de cerca de 20 dias com precipitação igual ou superior a 0,1 mm.
Verão
Vila de
Aljezur. As casas de cor branca são muito comuns em várias partes do Algarve, pois ajudam a refrigeração das habitações, irradiando o calor.
Uma das características climáticas de referência da região algarvia é a existência de Verões longos, quentes e secos. A partir de meados de Maio, a queda de precipitação no litoral e barrocal sul começa a ser um evento raro, e as temperaturas máximas e mínimas abandonam a amenidade primaveril para atingirem valores estivais.
Junho é um mês seco, com precipitações médias inferiores a 10 mm e temperaturas médias que oscilam entre os 16 °C e os 26 °C.
Julho e Agosto são os dois meses mais quentes e secos do ano. A queda de precipitação é um evento pouco frequente, podendo suceder-se vários anos sem que ocorra queda de precipitação durante estes dois meses. As temperaturas médias oscilam entre os 17/19 °C e os 28/30 °C.
Setembro ainda apresenta características estivais bem marcadas. As temperaturas oscilam entre os 16/18 °C e os 26/29 °C. Por vezes, as primeiras chuvas de Outono podem ocorrer no final de Setembro; por esse motivo, a precipitação média deste mês ronda os 15 mm.
Outono
As primeiras chuvas após o Verão, que ocorrem regularmente durante o mês de Outubro, caracterizam o início do Outono. Após a queda das primeiras chuvas, os dias ainda poderão permanecer quentes, mas as noites começam gradualmente a ficar mais frescas. Por vezes, sucedem-se semanas de dias solerengos, banhados por uma luz doce e inconfundível: é o chamado «Verão de São Martinho». Ocasionalmente, as condições estivais prolongam-se durante parte do mês de Outubro.
Em Outubro, as temperaturas oscilam entre os 13/16 °C e os 23/25 °C. As chuvas que caem durante este mês assumem com frequência um carácter torrencial: durante apenas um dia pode ser acumulada uma parte substancial da precipitação total do mês, seguindo-se vários dias de sol e céu limpo. A precipitação média de Outubro ronda os 45/70 mm.
Novembro é o segundo mês mais chuvoso do ano, com uma precipitação média que ronda os 75/90 mm, concentrada geralmente num reduzido número de dias. As temperaturas baixam ligeiramente durante este mês, variando entre os 10/12 °C e os 18/21 °C.
Inverno
O inconfundível Inverno algarvio pode ser resumidamente caracterizado por três adjectivos: curto, chuvoso e suave.
Dezembro é o mês mais chuvoso do ano. Dias tempestuosos, marcados pela chuva intensa e trovoada alternam com dias amenos, solarengos e de céu limpo, óptimos para a práctica de actividades ao ar livre. A precipitação média ronda os 90 a 120 mm, e as temperaturas médias oscilam entre os 8/10 °C e os 16/18 °C.
Janeiro é o mês com temperaturas menos altas do ano: regra geral, estas variam entre os 6/8 °C e os 15/17 °C. A precipitação média ronda os 70/80 mm.
Já em Fevereiro, as temperaturas começam paulatinamente a subir, e no final deste mês as condições primaveris começam a fazer-se sentir. As temperaturas oscilam os 7/9 °C e os 16/18 °C, e a precipitação média ronda os 45 a 70 mm.
Ocasionalmente, durante o Inverno a região algarvia é assolada por curtos períodos mais frios, nos quais as temperaturas mínimas atingem valores próximos dos 0 °C e as máximas não ultrapassam os 10 °C. Contundo, estes eventos meteorológicos são raros.
Turismo
O turismo consiste na principal actividade económica da região algarvia, que assenta nos lucros da sua oferta um crescimento económico notável. Graças ao tempo apelativo e à melhoria das condições de vida das populações a que se assitiam nas últimas décadas, o Algarve é a única zona do país, a par das grandes áreas urbanas de
Lisboa e do
Porto, a registar um crescimento da população.
O
Aeroporto Internacional de Faro, localizado na capital da região e inaugurado em 1965, constituiu o grande impulso para a afirmação do Algarve como estância balnear a nível internacional. O Algarve dispõe de belíssimas praias e paisagens naturais, que aliado ao clima temperado mediterrânico a torna a mais turística das províncias de Portugal. Hoje em dia, as ligações rodoviárias fazem com que qualquer ponto do Algarve esteja a menos de uma hora de distância do aeroporto. Actualmente o aeroporto é o segundo mais movimentado de Portugal (atrás do aeroporto da Portela), tendo transportado 5.5 milhões de passageiros no ano de 2007.
A maioria dos turistas vêm de
Portugal,
Reino Unido,
Espanha,
Alemanha,
Holanda e
Irlanda[7], mas também se regista uma forte presença de franceses e escandinavos.
Destaque para
Vilamoura, um dos mais conhecidos complexos turísticos da
Europa junto à
praia da Falésia (concelho de
Loulé),
Albufeira, considerada a capital do turismo, e para a
Praia da Rocha no concelho de
Portimão. Lagos (ver
Lagos (Algarve)), é também uma das cidades com maior presença túristica no Algarve, as suas praias são consideradas das melhores de Portugal e dispõe de diversos, bares, restaurantes e hóteis. Nos últimos anos, a região de
Tavira tem se assumido cada vez mais como um importante pólo turístico, graças ao seu valioso património cultural e paisagístico. Já na extremidade do sotavento algarvio, encontramos ainda
Monte Gordo, um dos mais antigos pontos de turismo balnear da costa algarvia; a antiga aldeia de pescadores localiza-se já em pleno
Golfo de Cádiz, e como tal é banhada pelas águas mais quentes do país: não raras vezes durante a estação estival a temperatura da água do mar atinge os 26 °C.
Embora a grande procura turística se deva primeiramente às praias paradisíacas da região, eventos desportivos dos últimos anos, têm contribuído para um sério acréscimo dessa procura. O campeonato europeu de futebol
Euro 2004 que teve três dos seus jogos em
Faro, os campeonatos mundiais de voleibol que têm tido lugar em
Portimão, campeonatos mundiais de golf e ainda a passagem do maior Rally do mundo,
Lisboa-
Dakar em 2006 e 2007.
Eventos musicais têm vindo a ganhar peso, nomeadamente o Algarve Summer Festival e o Portimão Air Show - um festival aéreo que teve a sua primeira edição em 2008 e que por iniciativa da cidade de
Portimão veio também colorir os céus do Algarve e encher a cidade numa época de pouca procura turística.
Durante o Período de Verão o Algarve triplica a sua população, 1 milhão e o número de turistas que visitaram o Algarve em Agosto de 2010.
Agricultura
Os produtos
agrícolas tradicionais, dignos de nota, são as produções frutos secos (
figos,
amêndoas e
alfarrobas),
aguardente de
medronho e ainda a produção de
cortiça, nomeadamente nas regiões do nordeste algarvio. Regista-se ainda a produção de cortiça e de citrinos, cuja produção é bastante relevante, os maiores pomares de laranja situam-se no concelho de Silves, especialmente na freguesia de Algoz, a laranja algarvia é muito doce e goza de grande fama não só em território nacional como internacionalmente.
Na imagem pode vêr-se uma das imagens pela qual o Algarve é mais conhecido. As amêndoas são bastante utilizadas na gastronomia da região, destacando-se os doces de amêndoa, exportados para todo o país e para o estrangeiro, que são outro marco da cultura algarvia.
Pesca
A industria da pesca principalmente devido ao desenvolvimento de várias fábricas de conservas desempenhou um papel importante na economia do Algarve durante o tempo do
Estado Novo. Contudo, nos últimos anos tem-se assistido ao fechar destas fábricas, havendo uma aposta crescente na exploração do pescado junto dos turistas que visitam a região. As cidades mais dedicadas à pesca são
Olhão,
Tavira,
Portimão e
Vila Real de Santo António, destacando-se a pesca da
Sardinha, do
Carapau, do
Atum, do
Espadarte e dos famosos
Chocos que deram origem à famosa receita:
choquinhos à algarvia.
Gastronomia
A gastronomia Algarvia remonta aos tempos históricos da presença romana e árabe, constituindo a par do clima da região um dos principais pontos de interesse turístico. Os ingredientes utilizados reflectem os sabores frescos do mar e os aromas agradáveis e fortes do campo.
Desde o famoso "Arroz de Lingueirão" farense, da bela sardinha assada portimonense até aos doces "Dom Rodrigos" de Lagos, encontram-se maravilhas para todos os gostos. A vila de Monchique destaca-se neste capítulo pois é conhecida pela Suinicultura, prova disso são os conhecidos enchidos feitos com carne de porco (molho, morcela de farinha ou farinheira, morcela e chouriça) e presuntos, expostos anualmente na Feira dos Enchidos e na Feira do Presunto, respectivamente. É também vastamente conhecida a aguardente de medronho produzida nesta região, com marca própria, que atrai gente de toda a parte para a saborear. São também procurados os licores feitos com produtos da região.
Seguidamente apresenta-se uma lista de algumas das melhores iguarias:
- Pratos típicos
- Carapaus alimados
- Cataplana
- Perna de carneiro no tacho
- Carne de porco com amêijoas
- Papas de milho, mais conhecida como Xarém
- Ervilhas com ovos à Algarvia
- Perdiz estufada
- Coelho frito
- Raia Alhada
- Assadura à Monchique
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- Gaspacho
- Cozido de grão
- Lulas recheadas à Algarvia
- Polvo no forno com entrecosto
- Bifes de atum de tomatada
- Favas à moda do Algarve
- Canja com conquilhas
- Gaspacho de alho
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- Doces
- Dom Rodrigos
- Colchão de Noiva
- "Queijos" de Figo e amêndoa
- "Gargantas" de Freira
- Bolo Tacho
- Empanadilhas
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- Filhós
- Frutos/animais de massa de amêndoa
- Estrelas de figo e amêndoa
- Folares
- Torta de Claras
- "Tutano"
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